Mulheres com hipertireoidismo devem ter cuidado especial no pré-natal, para que o desenvolvimento e o nascimento do bebê não sejam prejudicados. Quando não controlado, o excesso de hormônios pode provocar consequências como aborto espontâneo, parto prematuro, natimortalidade, peso baixo ao nascer, pré-eclâmpsia e insuficiência cardíaca.
Levantamentos indicam que a prevalência da doença na gestação é de aproximadamente 0,1% a 0,4%, podendo manifestar-se clinicamente como hipertireoidismo subclínico (ausência de sintomas), tireotoxicose e crise tireotóxica. É importante, por isso, fazer a dosagem TSH antes mesmo da concepção e manter sempre as dosagens de medicamento ajustadas.
Você certamente já ouviu falar de diabetes gestacional, que é o aumento dos níveis de açúcar no sangue no período gravídico. Mas o que muita gente não sabe é que o mesmo mecanismo pode acontecer com o hipertireoidismo, isto é, o organismo, mais precisamente a gonadotrofina coriônica humana (hCG), eleva a produção de hormônios em mulheres que, inclusive, nunca tiveram problemas de tireoide antes.
Sabe-se que os nove meses de gestação impactam profundamente a glândula tireoide e seu funcionamento. No período, ela fica 10% maior (isso em países com nutrição de iodo adequada, porque, em regiões com deficiência maior do micronutriente, o aumento pode alcançar 40%). O estoque de T4 e T3 sobe cerca de 50%, o que eleva, também, a necessidade diária de iodo. Essas são mudanças fisiológicas normais, esperadas e saudáveis. O “x” da questão é quando ocorre uma disfunção e esses percentuais disparam, podendo favorecer até o surgimento de nódulos e câncer.
Eles podem parecer com os sintomas habituais da gravidez e confundir muitas mamães. Os principais indícios são taquicardia, intolerância ao calor e excesso de suor, além de outros mais claros, como ansiedade, tremores, perda de peso e olhos saltados.
O diagnóstico, na gravidez (e fora dela também) é bem fácil: se o exame de sangue aponta níveis de TSH menores que 0,1mU/L, acompanhados de níveis elevados de T4 livre ou T3 livre para o período gestacional, significa positivo para a doença.
Um estudo recente do Centro Médico Universitário Erasmus, em Rotterdam, na Holanda, acompanhou 5.153 mulheres no início da gestação até no máximo a 18ª semana. Os pesquisadores descobriram, por meio de exames de sangue, que as voluntárias com níveis elevados de hormônio tireoidiano tinham uma probabilidade de três a 11 vezes maior de desenvolver pré-eclâmpsia. Essa condição, se não tratada, pode evoluir para eclâmpsia, que, em casos extremos, pode matar mãe e bebê.
Seguir um pré-natal de qualidade é, portanto, essencial para a saúde da mãe e do bebê. Melhor ainda é, antes de decidir pela gravidez, passar por uma bateria de exames para identificar qualquer anormalidade que possa comprometer a gestação e tratá-la antes mesmo da concepção.
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